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sexta-feira, 6 de março de 2015

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, FISICOMOTOR E PSICOSOCIAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA ©

Fases, Aspectos Dimensionais e Fatores Intervenientes. A primeira infância também chamada de estagio sensório motor, é um dos períodos do ciclo vital do ser humano mais extraordinário, acreditamos que seja se não a mais importante, situa-se entre elas. É neste período onde ocorre grande parte das mudanças que são necessárias para a vida, essas alterações que iniciam antes do nascimento, mesmo que de forma contingente, são sucedidas de um modo acelerado na primeira infância, entre elas destacam-se: o controle dos movimentos, equilíbrio, direção, sentido; a memória, pensamento, linguagem, percepção; os sentimentos de emoção, afetividade; o comportamento, o eu, outro, mundo; bem como, os efeitos nas construções cognitivas, resultantes do impacto nessa relação social e cultural. Uma questão importante, diz respeito à atenção que se deve ter nessa etapa da vida, pois, apesar de o organismo, por um lado ter condições de ajustamento ao meio em que vive, e o realinhamento às etapas do desenvolvimento: cognitivo, psicossocial e fisicomotor, ou seja, quando a passagem de uma fase para outra acontecer fora da idade ideal, as etapas subseqüentes podem ser aceleradas, retornando ao seu alinhamento. Por outro lado, na primeira infância essas construções acontecem de forma acelerada, sendo assim, as rupturas para serem estabelecidas após o período de intervalo aceitável, precisa de mais tempo que o necessário, caso tivessem sucedidas dentro do padrão convencional. As transformações sofridas nessa fase estão intrinsecamente ligadas, percorrendo um caminho com certa regularidade, a mudança de fase obedece uma ordem de sucessão fixa, e só acontece após a outra ser concluída, a estrutura existente serve tanto de substrato para a formação da próxima como passa a fazer parte dessa nova estrutura pelo processo de acomodação e assimilação, coexistido pacificamente. assim como ela não adquire novas funções. A primeira ruptura acontece com a alteração do ambiente após o nascimento, a partir dessa mudança até os seis primeiros meses, a criança passa pelo período do desenvolvimento sensorial, através das fases: oral; anal; fálica; latente e genital, expressa emoções de afetividade como primeiro recurso de interação, apresenta movimentos descoordenados; Segue ampliando o seu mundo até os doze meses, à medida que desenvolve os movimentos com mais independência, ultrapassando a contingência social familiar, percebe o mundo independente do seu campo de visão, com a utilização das leis da casualidade: tempo e espaço. Em seguida sucede a transformação definitivamente mais importante, o ingresso na fase glóssica, período da dimensão expressiva, entre um a três anos, estabelecendo a criança no mundo cultural. A criança adquire inteligência discursiva por meio da fala, as representações simbólicas ocorrem no pensamento por meio da palavra. O estagio do desenvolvimento moral é classificado como anomia. As construções que são formadas nessa etapa, têm relação com as três dimensões do desenvolvimento, destaca-se aqui a psicossocial, a razão sozinha não pode construir intuição, percepção, concepção, nem proporcionar sentimento de irritação, satisfação, nem tampouco, estabelecer condições de identidade; assim como a motricidade denominada também de psicomotora, não se desenvolve sem estímulos externos, sem que haja uma relação com o ambiente e as pessoas, todas as capacidades e sentimentos têm uma matriz nas relações que se estabelecem. Por outro lado os processos mentais e os fenômenos psíquicos estão presentes em todas as dimensões do desenvolvimento, a edificação da cognição depende deles na medida em que os fenômenos ocorrem em sua estrutura; como não se concebe a motricidade fora do sistema psicosensorial, mesmo que o movimento esteja presente em toda nossa vida, desde o ato de fecundação até a morte, ainda assim, prescindem desses processos. A psicomotricidade começa de forma incipiente a partir desse ato e a efetivação dos processos e fenômenos, se dará ao longo da vida, por fim, as relações que se estabelecem do ser com o meio sociocultural, também sofrem influência deles. Essa dependência tridimensional que a criança tem, logo após o nascimento, não se da de forma passiva, e sim ativa, pois, ao mesmo tempo em que aumenta a capacidade motriz amplia o mundo ao seu redor, possibilitando o acumulo de fenômenos que por sua vez ampliam a cognição, Devemos ressaltar que, os aspectos dimensionais do desenvolvimento na primeira infância e seus fatores interventores, não permaneceram inalterados ao longo da existência humana, além, dos aspectos peculiares das diversas culturas existentes, pois, o modo de se relacionar e a estrutura do processo cognitivo, dependem de circunstâncias culturais que são construídas de forma ininterrupta. Por esse motivo, em cada época e nas variadas nações, são apresentadas variações determinantes, por exemplo: em tempos atávicos as necessidades, as habilidades, as dificuldades eram muito diferentes das que existem ultimamente, assim como a diferença cultural entre as nações, produzem um desenvolvimento na primeira infância distinto e com viés particularizado. Como já exposto, o desenvolvimento nessa faixa etária se constrói de forma breve, articulada e dependente, seguindo uma seqüência e um cronograma, com certa regularidade media, e os fotos sociais, os fenômenos, são os meios que interferem em todas as dimensões e fases do desenvolvimento. Entretanto, existem fatores intervenientes além do de ordem social: ambiente, contexto, história; existe o pessoal, abrangendo as experiências pessoais e as características associadas; e biológico, compreendendo a hereditariedade, crescimento orgânico e maturação, ou seja: a qualidade no processo da alimentação, funcionamento e produção hormonal das glândulas endócrinas, as necessidades orgânicas, que são funções biológicas; a concepção de si e do outro, o próprio condicionamento no mundo, bem como o resultado do impacto na relação com o outro e com o meio na construção dos processos cognitivos, são fatores pessoais. SANTANA, Ulisses da Silva

Questões filosoficas ©

As cinco principais perguntas filosóficas são: O que é (uma coisa, um valor, uma ideia, um comportamento). Ou seja, a filosofia pergunta qual é a realidade e qual é a significação de algo, não importa o que; De que é (utensílio, coisa, objeto, matéria ) ou a filosofia indaga de que é feito algo; Como é (uma coisa, uma ideia, um valor, um comportamento). Ou seja, a filosofia investiga como é a estrutura de sistemas de relações que constitui a realidade de algo; Por que é (uma coisa, uma ideia, um valor, um comportamento). Ou seja, a filosofia pesquisa o porquê de algo existir, qual é a origem ou a causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor, de um comportamento. De onde vem (realidade, origem, principio). Ou seja, a filosofia busca a causa, quem e esse que a fez, o agente que o produziu. É na relação entre a interrogação e a realidade, o-que-é, nesse choque entre a potência e o ato, que se dá a inteligência plena, é onde ela alcança o seu mais alto grau na realização da sua função. A interrogação questiona e interage com a realidade confrontando-a e revelando-a à consciência, por meio dos sentidos, ela reside na razão. A inteligência determina a realidade, é o resultado do encontro do-que-é e a interrogação, logo que a inteligência reconhece a realidade nasce a interrogação o que isto é? Interroga qual o principio das coisas. Por que os seres nascem e morrem? Por que tudo muda, as coisas se tornam opostas ao que eram e nada permanece idêntico a si mesmo? De onde viemos e para onde vamos? Onde esta a essência das coisas? O que é liberdade? Como alcançar a verdade? São as interrogações nesse contato com a experiência sensorial, que refletem o mundo material para a consciência, nesse sentido, o processo de filosofar, os princípios da ciência, e as descobertas cientificas, a fé dogmática e até os mitos entre outros, em suas dimensões iniciam com a interrogação, desse modo é de grande importância para o individuo e para toda sociedade, no desenvolvimento da cultura, artes, tecnologias, impulsionando e gerando conhecimento, como sua força motriz. Da pessoa ao ser: Antropologia metafísica. O que é metafísica? Cap. V; A interrogação e as experiência. In Marie Dominique Philippe; Do “isto é” ao “eu sou”. Considerações para uma metafísica da pessoa humana. In Marie Dominique Philippe. SANTANA, Ulisses da Silva

O que é o ser ©

A nossa inteligência nasce em potencia e vivendo nesse estado latente necessita encontrar-se revelar-se a si própria, pelo choque do-que-é que nos leva ao fundo da nossa inteligência. Essa é a grande descoberta de Parménides o ser das coisas não podem ser somente humanas atestada pela corrente mais viva do pensamento da filosofia contemporânea “o que é o ser: o ser “é” e não pode não ser...” Parménides. Heidegger considera redescobrir o espírito na sua fonte “só pode estar plenamente em ato se estiver “determinada”. Isto é na sua qualidade de existir”. São Tomaz repetindo uma frase de Aristóteles recebida de Avicena “primeira coisa que a mente descobre é o-que-é”. Ou em latim: “é o-que-é que “cai” antes de qualquer coisa na inteligência” o-que-é determina e da a medida da inteligência. Da pessoa ao ser: Antropologia metafísica. O que é metafísica? SANTANA, Ulisses da Silva

A causa final própria do-que-é enquanto ser ©

A busca constante pelo conhecimento esta na natureza humana, mas a razão infinita dessa busca é como o espaço o tempo e a existir, Considerando que o ser humano possui uma inteligência em estado de potência, e o seu contato com a realidade existente em ato: os objetos, fatos, os fenômenos, fazem com que imediatamente a inteligência interrogue: o que é? A partir desse instante aciona a busca pelo conhecimento do-que-é de forma racional dando um sentido e de forma empírica através dos sentidos, extraindo o seu significado, nesse choque com a inteligência se dá o conhecimento. Existem algumas razões que devem ser consideradas, a felicidade, o belo, uma ética universal, além do conhecimento de si próprio, da natureza, das coisas que o cercam e do universo, tendo como finalidade o bem estar. É no estabelecimento de uma relação com o ser que, o-que-é realiza-se em sua plenitude dando sentido e significado aos objetos e criando relações de conhecimento, indo do isto é ao eu sou, melhorar o ser humano e desvendar o mundo em que vivemos é a causa final própria do-que-é enquanto ser. É pela angustia da morte que o homem conhece a sua verdade. Haideger. "Se temos que morrer nossa vida carece de sentido". Sartre Da pessoa ao ser: Antropologia metafísica. O que é metafísica? Cap. V SANTANA, Ulisses Silva

RELAÇÃO ENTRE INTELIGÊNCIA E OS SENTIDOS NATURAIS. ®©


O campo dos sentidos naturais (tato, audição, paladar, olfato, visão), está intimamente ligado com o campo da consciência e da inteligência, sendo intermediados pela linguagem humana. Desse modo, podemos afirmar que sem um desses campos do conhecimento seria pouco provável a existência humana da forma em que ela foi concebida ao longo da história, muito menos as relações socioeconômicas, políticas e culturais vividas na atualidade.
A inteligência, uma capacidade inerente ao ser (existência), opera em um campo próximo da memória e da razão abstrata, interagindo com os sentidos. Com sua plasticidade e flexibilidade inova e adapta novas formas de inteligência e transforma o mundo real. Com essa acepção, os sentidos são uma via de mão dupla, entre a consciência e o mundo real, por que ao mesmo tempo em que são um veiculo de interferência na natureza eles trazem de volta as percepções e impressões resultantes dessas. Sem esses elementos não se estabelece o contato da consciência com a realidade das coisas, objetos, utensílios, fatos ou fenômenos.
Vale ressaltar que os sentidos da visão e audição não interferem diretamente na natureza enquanto que os sentidos do paladar tato e olfato interferem diretamente através da troca ou transformação das coisas no mundo”.
A inteligência atua como uma categoria a priori e ao mesmo tempo a posteriori. Na forma da inteligência pratica e instrumental, leva à consciência as impressões retiradas da realidade através dos sentidos naturais, criando ideias, juízos, e estabelecendo a memória, que por sua vez é usada paralela à inteligência teórica e abstrata para realizar novas transformações na natureza por intermédio dos sentidos.
Os sentidos são responsáveis diretos pela capacidade do ser de conhecer a essência das coisas. O ser enquanto existência, no uso da capacidade da inteligência e das faculdades dos sentidos, intermediados pela linguagem dão o sentido à vida, aos objetos, e aos fenômenos, apreendendo, criando, e transformando a realidade.
Entre a consciência do indivíduo (sujeito do conhecimento), e o mundo real (objeto do conhecimento), se passa a formação do conhecimento. Sendo assim, o ser do conhecimento em contato com os objetos do conhecimento, por meio dos sentidos e da linguagem, definem e cumprem os contratos sociais e as convenções estabelecidas neles pela cultura, costumes e hábitos na busca do prazer (do bom e belo) e da razão da existência humana.
A sensação, percepção, memória, imaginação, reflexão, intuição, razão, pensamento, impressão; influenciados pelos preconceitos, crenças, valores, princípios; envolvidos por sentimentos de necessidade e prazer; estabelecem os hábitos, os costumes; e são condicionados pela linguagem.
Partindo do princípio de que os sentidos naturais estabelecem de certa forma o sentido das coisas, fenômenos, e das ações humanas, e que precisam dos vários campos do conhecimento nos processos de escolhas, eles não são somente a via nas decisões que tomamos e no caminho a seguir até a apreensão do conhecimento mais também o divisor entre eles.
Em uma mesma situação podem-se conceber várias significações, dependendo do ponto de vista, do grau de inteligência, e dos objetivos de cada pessoa, na maioria das vezes a ética é usada mecanicamente, em outras é deixada de lado ou passa despercebida. Uma pessoa pode ser mais inteligente que outra em um aspecto da existência, porém, em outro não ter nenhum conhecimento ou capacidade. Enfim, a inteligência depende dos sentidos assim como esses depende dela, dessa interação nasce o conhecimento.
Existe assim, portanto, uma relação íntima entre sentido, desejo, vontade, percepção, memória, inteligência, linguagem, que são formas de realização da consciência e a ação humana na transformação da natureza e do conhecimento humano, o conhecimento não esta ligado somente à capacidade, mas também a forma com que cada sujeito percebe o mundo. O que seria do ser humano, dotado de inteligência, sem as faculdades dos sentidos? De que serviria os sentidos sem as capacidades da inteligência?

Salvador, Março/2011
SANTANA, Ulisses da Silva