Páginas

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

A Obra de Arte ©

Estética Filosófica

Ulisses da Silva Santana

A obra de arte de Stephane Ferret

Quais são os critérios usados pelo autor para defender a tese?

Como o autor argumenta esses critérios?

Quais as resposta que o autor dá a respeito da obra de arte?


No texto A Obra de Arte o autor Stephane Ferret, levanta duas questões; O que é obra de arte? E como conhecemos uma obra de arte?

Ferret usa uma fundamentação racional para afirmar sua crença sobre o que é uma obra de arte. Ele nega que a aparência estética, a estrutura, a característica interna, sejam propriedades de uma obra de arte, assim como a emoção e a subjetividade possam definir a sua natureza. A obra de arte não esta subordinada a uma forma, uma condição ou uma regra. Apesar disso, ele afirma também, que todos esses aspectos e dimensões fazem parte de uma obra de arte, assim como são necessárias à sua garantia a posição no mundo e a institucionalidade humana .

O autor começa por negar que uma obra de arte seja algo que se defina por sua aparência ou propriedades estéticas ao mesmo tempo em que admite fazer parte dela assim como de qualquer outra coisa existente no mundo como uma característica parcial, a aparência é apenas ilusória, causa um juízo de fato, um sentimento de comoção e fascínio àquele que esteja diante de algo “se é verdade que a aparência é o sal da obra de arte, não é menos verdade que ela entra em linha de conta na identidade das obras de arte... nada nos permite afirmar que as obras de arte são reconhecidas pela sua aparência.”. Pintura, escultura, literatura, cinema e televisão dentre outras, são categorias das obras de artes. Mas não deve-se confundir categoria com identificação. Todos os objetos de arte tem uma aparência, são também estéticos pelo simples fato de existirem, mas, não é ela que os torna arte, sendo inútil defini-la somente por esse aspecto. Assim, pode-se dividi-los em simples objetos ou obra de arte, tudo isso depende de uma trama que envolve subjetividade, convenção, realidade e posição.

Em segundo lugar, Ferret afirma que a obra de arte não possui uma estrutura interna que a caracterize, não é composta de moléculas, não possui código genético nem número atômico que possam identificá-la,  não é substancia nem possui essência, obra de arte é uma instituição humana portanto, não pode ter um conceito ontológico mas sim epistemológico. “Se nem a estrutura escondida nem as propriedades estéticas permitem estabelecer essa distinção, nada mais subsiste ao objeto.”

Em seguida ele diz que a noção de estética tem a função de suscitar emoções, porém essa vocação não é uma propriedade perceptível na obra de arte, qualquer coisa no meio de um lote de objetos anônimos pode ser ou não considerado objeto de arte, essa dificuldade cética é contraria aos fatos reais, pois, no cotidiano, “todos sabemos identificar uma escultura de Rodim e uma bola de neve” existe uma contradição cética na impossibilidade de considerar um objeto de arte no meio de um lote de objetos anônimos e que qualquer pode identificar uma obra de arte, o problema  é compreender quando uma coisa pode ser ou não uma obra de arte. “O que esta em questão não é a diferença entre os juízos e os fatos, mas a diferença entre as propriedades intrínsecas e as propriedades extrínsecas:”. Obra de arte não tem uma natureza própria, depende do contexto social e envolvimento cultural, do posicionamento no mundo. Um objeto não é obra de arte, mas sim considerado e posicionado como tal. Extrair o ser do não ser, criação humana, depende da posição e exposição, do contexto cultural, temporal e espacial, ou seja da sua colocação no mundo.

Outro ponto é que o grau de perfeição de uma obra, depende da sua exposição ao longo de sua duração. “Se a Gioconda tivesse ficado ao longo dos séculos num celeiro, tratar-se-ia por definição (...) do mesmo objeto que conhecemos. Porem, se esse objeto não tivesse se beneficiado da exposição no Louvre, não se trataria da mesma obra de arte.”. por um lado, se Leonardo tivesse utilizado outro material para Gioconda que conhecemos hoje ela seria a mesma, por outro lado se um autor desconhecido fizesse uma Gioconda com o material original que foi feita ela não seria a mesma, seria semelhante e diferente. “As obras de arte mais do que qualquer outro objeto, não resistiriam ao desafio da lógica da identidade.”. Obras de arte não são entidades impostas, elas possuem um estatuto imaginário.

Nenhum comentário: