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quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

PERÍODO INTERMEDIÁRIO DA EVOLUÇÃO SOCIETÁRIA ©

LICENCIATURA EM FILOSOFIA

ULISSES SILVA



PERÍODO INTERMEDIÁRIO DA EVOLUÇÃO SOCIETÁRIA
ESTÁGIOS, ASPECTOS: POLÍTICO; RELIGIOSO; CULTURAL; E FATORES INTERVENIENTES DE SOCIEDADES INTERMEDIARIAS



O presente trabalho tem o objetivo de demonstrar as características das sociedades ocidentais e orientais que existiram no estagio arcaico e avançado do período intermediário da evolução das civilizações, e os fatores intervenientes na diferenciação dessas culturas, bem como, situa-la no período e estágio do desenvolvimento. E a finalidade de evidenciar a sequência dessa evolução e a herança cultural que as sociedades atuais possuem, das diversas civilizações arcaicas.
Sua estrutura levou em consideração os aspectos predominantes (religiosos, políticos), que influenciaram na construção sociocultural de cada uma delas, destacando suas características próprias, e apresentando de forma sintética o que foi extraído da compreensão das sociedades intermediarias.



No período intermediário da evolução societária surgiram em varias partes as sociedades arcaicas, sobretudo na China, subcontinente Indiano, sudoeste da Ásia e na America, os astecas, Maias e Incas,
Isso mostra, que os fatores intervenientes nos aspectos social político religioso e cultural podem ser variados, entretanto, a evolução se processa dentro de uma seqüência crescente, passando por todos os períodos e etapas, e ainda, que pode haver formas de interação cultural entre os estágios, por um processo de apropriação ou associação em uma convivência pacifica, por interesse ou vantagens mutuas quando há interação, ou por conquista e subordinação nas interpenetrações. Essa seqüência é atemporal, ou seja, seu desenvolvimento pode acontecer simultaneamente ou não, nos mesmos espaços de tempo, sem que haja uma uniformidade nos resultados dessas ações, outrossim, em todos os períodos da evolução societária, coexistiram desde as sociedades primitivas até as mais evoluídas.
Destacamos no processo evolucionário que as invenções e descobertas são fundamentais no alargamento do poder mental do individuo e na luta contra os obstáculos, possibilitando a ampliação de novas tarefas e o acumulo de experiências, assim como, as instituições domesticas, que abarcam instituições; religiosas; políticas; costumes: vida domestica; linguagem; arquétipo; idéias e sentimentos de paixões e aspirações tem grande influencia nos poderes morais, a construção das sociedades  passas elas.
Salientamos que os progressos nesse período tenham ocorrido em um espaço relativamente pequeno de tempo e em diversas sociedades a partir do Mediterrâneo Oriental (Grécia e Israel) até a índia e china a partir aproximadamente do sec. 500 a.C. em geral todas as sociedades surgidas na sua origem, dependeram de certa formada herança cultural anterior.
As sociedades arcaicas foram as basilares do período intermediário da evolução, diferenciando-se da anterior em vários aspectos, sendo a alfabetização o fator principal dessas mudanças, no primeiro momento como oficio, ou seja, esse aprendizado estava ligado a objetivos administrativos, místicos e clericais, num segundo momento, como característica da classe alta das sociedades intermediarias adiantadas, a alfabetização completa da elite, como instrumento cultural, e sobretudo uma forma de dominação das classes pertencentes à base piramidal. A principal base da economia desse período estava ligada a terra, a arte e os ofícios, a agricultura e o comercio foram predominantemente decisivos para a expansão territorial e cultural.
O padrão social do estagio arcaico era dividido em três classes, o monarca no topo da pirâmide exercia a autoridade política e religiosa; um grupo intermediário responsável pelo funcionamento da sociedade, composto por funcionários do governo ou templos, com atribuições administrativas imbuídos de autoridade e gozando de prestigio social, e os representantes da alta clerezia; por fim o povo, abarcando principalmente os cultivadores do solo, incluídos também artesãos e comerciantes, esses últimos com possibilidades de ascensão à classe intermediaria.
No estagio adiantado as sociedades caracterizam-se por apresentarem uma divisão em classes com base no desenvolvimento cultural, sendo mais acentuada no caso de China com uma linguagem comum e unidade cultural unificada, e Índia, onde essa influência aconteceu muito mais em torno dos laços familiares, que pela cultura de outras sociedades ocidentais, mesmo com as invasões ocorridas na Índia essas influências agiram tardiamente, no império romano há uma superação da concepção de povo predominante na cultura islâmica, nele desenvolvem um sistema societário a partir de um padrão tradicional das cidades gregas e romanas (polis ou urbs), com cidades independentes, a sociedade Islâmica assumiu um papel muito geral e fragmentado, pela diversidade de povos que foram dominados e permaneceram ligados a cultura de origem. Em todas elas notamos uma inversão no papel social, as sociedades adiantadas dependem mais da cultura ao passo em que nas sociedades arcaicas a cultura dependia da sociedade.
Levando em considerando o aspecto político nas comunidades arcaicas, observa-se que os cargos e funções da estrutura administrativa e do sistema religioso eram controlados por linhagens hereditárias: monárquica e ou clerical, em alguns casos incluindo outros grupos pertencentes a classe alta. Nesse período a monarquia predominou como forma de governo estabelecido, sua estrutura política apresentava um mecanismo administrativo complexo, onde o poder do soberano estava ligado diretamente a atributos divinos, e apesar de apresentar independência no comando desse poder, possuíam uma ligação intrínseca e subliminar associação à religião, variando em graus de influencia em cada sociedade.
Notamos que o desenvolvimento encetar do nível intermediário induziu a diferença das características sociais entre o Egito e a Mesopotâmia, nas formas de apresentação dos aspectos político e religioso, cada uma delas ainda utilizando características rudimentares das sociedades primitivas adiantadas. No Egito onde predominou certa analogia entre o faraó e os deuses, se alcançou o mais elevado grau de desenvolvimento de monarquia divina, com sua estrutura hierárquica e burocrática, pouco segmentada. Na Mesopotâmia subentende-se uma estrutura mais segmentaria em comunidades urbanas, contudo sem uma união com a divindade.
Nas intermediaras adiantadas esse controle pertenciam à nobreza. Na China e Índia fundamentaram-se na cultura, com uma rigidez na hierarquia das classes, onde as elites formadas pela combinação dos matizes societárias mais amplas subjugavam uma massa com baixos padrões socioculturais. Na civilização romana, o aspecto político determina as bases da organização social, com imposição de uma ordem normativa. Já nas sociedades islâmicas essas bases foram constituídas através do aspecto religioso, 
A característica cultural das sociedades chinesa e Indiana são frutos do progresso filosófico, atingindo níveis elevados de generalização nos sistemas simbólicos constitutivos, causando um choque dessas novas orientações e as estruturas sociais em que surgiram. Na corte chinesa a participação não estava associada à linhagem, apesar da permanência da estrutura familiar na sociedade, nem a grupos religiosos, havia uma classe de pessoas livres de quem o monarca dependia para serviços administrativos. Diferentemente das sociedades arcaicas onde a legitimação dependia do Faraó e os vários níveis cosmológicos, na sociedade chinesa o imperador impunha um padrão com seu fundamento na realidade, em certo sentido a função era de articulador entre o cósmico e humano. 
A linguagem comum integrava a sociedade, a educação era baseada nos preceitos do confucionismo, tornando o erudito o cidadão da classe alta, o padrão social era definido pelo nível cultural. A harmonia das entidades diferenciadas e cooperação dos opostos, era a forma de organização da sociedade chinesa, sua ordem difusa e particularizada, com uma dicotomia entre o escalão superior e inferior onde cada um tinha o seu lugar devido, adequado e indicado na sociedade. A maneira existente para a passagem de uma classe a outra mais elevada, se dava através de acumulo de terras e propriedades ou pelo processo de educação os chamados eruditos.
As limitações na constituição de preceitos legais do direito chinês, a saber racionalização substantiva e temas particulares; a estrutura econômica insuficiente para dar suporte a grandiosidade e diversidade do mercado; e a manutenção da estrutura de poder dos grupos econômicos familiares, impediram a evolução da sociedade chinesa.
A estrutura social precede o desenvolvimento cultural indiano, superando o chinês, com a separação do sistema de crenças da estrutura social, mantendo a dicotomia das classes dominantes e subordinadas, a civilização conviveu com uma sociedade arcaica ao noroeste da Índia, as influencias culturais grega romana decorreram com as infiltrações arianas ao norte, com eles chegaram uma nova língua e a religião centralizada nos deuses védicos, nesse período os descendentes dos “invasores” construíram uma classe superior contrastando com a classe inferior formada pelos nativos indígenas “dravidas”.
Paralelamente ao novo sistema religioso surge uma divisão de classes: brâmanes, classe sacerdotal; xátrias, nobreza militar; vaicias, proprietários rurais e comerciantes, constituindo em conjunto os “duas vezes nascidos”, ou classe superior, e os sudras puros e impuros, cultivadores de solo e empregados de funções inferiores; por fim os intocáveis que eram os excluidos.
A unidade político/administrativas eram as varnas, porem a unidade efetiva tinham como base as castas ou subcastas, onde a dualidade da legitimização religiosa entra as classes nunca foram superadas A sociedade indiana conviveu ao mesmo tempo com diversas religiões: Bramanismo Hinduísmo, que se basearam na liturgia védica, e o Budismo, posteriormente a Ghandi. O conceito filosófico existencial que elas apresentavam, estavam fundados na causação moral, transferindo para o individuo a responsabilidade pelas ações e situações a que estavam expostos, sendo assim, a condição de inferioridade estava institucionalizada, justificando de certa maneira as diferenças sociais, então, a luta era para ultrapassar essa condição que somente mudaria com uma nova encarnação.
A sociedade Romana era composta por classes com o núcleo nas cidades-estado e dirigida por um patriarca mais velho, todas ligadas e dependentes do poder central, com uma democracia que dava mais status a cidadania, que a divisão por posição social predominante nas civilizações da época, apesar de não assegurar a todas as pessoas a participação nos processos políticos e administrativos, possuíam um sistema político complexo, o sistema legal acompanhou esse de forma paralela o desenvolvimento político, sobretudo no estabelecimento de poderes aos chefes de famílias dirigentes das cidades estados.
A vasta extensão do território romano, e seu longo período de domínio imperial, leva em consideração a sua organização militar, mas sobretudo os princípios filosóficos da lei da natureza que forneceu as bases para o sistema legal institucionalizado. Sua unidade era político militar e legal, não abrangia a cultural, a falta de capacidade para desenvolver um sistema religioso dinâmico que assegurasse o fortalecimento e legitimação da comunidade societária, o afrouxamento das fronteiras, e sua economia baseada na mão de obra escravagista, por fim, pela necessidade de preencher a lacuna cultural adota o cristianismo como religião oficial, talvez tenham sido os fatores decisivos para o fim do império romano.
O Islã foi um produto das tradições semíticas cristãs, e uma derivação das tradições culturais de Israel. Por não possuir uma abrangência territorial, nem um grupo religioso unido, e mais ainda, por terem perdido a identidade étnica durante sua expansão, e ao estabelecer uma flexibilidade circunstancial em seus preceitos normativos, acabam por criar uma miscelânea de orientações político-religiosa, dificultando a manutenção de uma sociedade unida. As duas sociedades possuíam uma concepção ampla de penetração social dentro de um sistema de casta mesmo cada apresentando peculiaridades nos critérios de inserção nos grupos sociais.
As sociedades adiantadas criaram organizações políticas independentes, integraram grandes populações e grandes territórios, mas nem todos tiveram o mesmo êxito na manutenção dessas estruturas com estabilidade e independência.
No aspecto religioso as civilizações arcaicas desenvolveram um sistema cultural cosmológico, utilizado como mecanismo de controle administrativo, tornando-se a base constitutiva dessas sociedades, A sua composição esta fundamentada em comunidades locais rompendo com a estrutura religiosa familiar. Nessa ocasião predominava as religiões politeístas, apesar de o monoteísmo ter surgido por algum tempo.
Já nas civilizações adiantadas esses aspetos desenvolvem-se de forma variada em cada sociedade, destacamos a china com o confucionismo, onde apresenta um caráter que se aproxima mais das religiões arcaicas de que das religiões históricas próprias do estagio intermediário avançado, a característica da religiosidade védica Indiana, centralizava-se no politeísmo e culto de sacrifícios, acreditavam na mortalidade da alma e reencarnação, tinham uma influencia na divisão de classes. o cristianismo adotado tardiamente em Roma muito mais pelo movimento de agregação cultural que pela profissão de fé religiosa, e a dualidade existente no Islamismo que por um lado havia um impulso para unificar politicamente os seguidores por outro as massas islâmicas permaneciam atreladas às suas respectivas sociedades agrárias ou nômades.




ANEXO

ORGANOGRAMA DOS PERIODOS DO DESENVOLVIMENTO SOCIETARIO DESTACANDO O ESTAGIO INTERMEDIARIO






REFERÊNCIAS


PARSONS, TAlcott. SOCIEDADES: perspectivas evolutivas e comportamento. São Paulo: Pioneira, 1988.

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