O campo dos sentidos naturais (tato, audição, paladar, olfato, visão), está intimamente ligado com
o campo da consciência e da inteligência, sendo intermediados pela linguagem
humana. Desse modo, podemos afirmar que sem um desses campos do conhecimento
seria pouco provável a existência humana da forma em que ela foi concebida ao
longo da história, muito menos as relações socioeconômicas, políticas e culturais
vividas na atualidade.
A inteligência, uma capacidade inerente ao ser
(existência), opera em um campo próximo da memória e da razão abstrata,
interagindo com os sentidos. Com sua plasticidade e flexibilidade inova e
adapta novas formas de inteligência e transforma o mundo real. Com essa
acepção, os sentidos são uma via de mão dupla, entre a consciência e o mundo real,
por que ao mesmo tempo em que são um veiculo de interferência na natureza eles
trazem de volta as percepções e impressões resultantes dessas. Sem esses
elementos não se estabelece o contato da consciência com a realidade das
coisas, objetos, utensílios, fatos ou fenômenos.
“Vale
ressaltar que os sentidos da visão e audição não interferem diretamente na
natureza enquanto que os sentidos do paladar tato e olfato interferem
diretamente através da troca ou transformação das coisas no mundo”.
A inteligência atua como uma categoria a priori e ao mesmo tempo a posteriori. Na forma da inteligência pratica e instrumental,
leva à consciência as impressões retiradas da realidade através dos sentidos
naturais, criando ideias, juízos, e estabelecendo a memória, que por sua vez é
usada paralela à inteligência teórica e
abstrata para realizar novas transformações na natureza por intermédio dos
sentidos.
Os sentidos são responsáveis diretos pela
capacidade do ser de conhecer a essência das coisas. O ser enquanto existência,
no uso da capacidade da inteligência e das faculdades dos sentidos,
intermediados pela linguagem dão o sentido à vida, aos objetos, e aos
fenômenos, apreendendo, criando, e transformando a realidade.
Entre a
consciência do indivíduo (sujeito do
conhecimento), e o mundo real (objeto
do conhecimento), se passa a formação do conhecimento. Sendo assim, o ser
do conhecimento em contato com os objetos do conhecimento, por meio
dos sentidos e da linguagem, definem e cumprem os contratos sociais e as
convenções estabelecidas neles pela cultura, costumes e hábitos na busca do
prazer (do bom e belo) e da razão da existência humana.
A sensação, percepção, memória, imaginação,
reflexão, intuição, razão, pensamento, impressão; influenciados pelos
preconceitos, crenças, valores, princípios; envolvidos por sentimentos de
necessidade e prazer; estabelecem os hábitos, os costumes; e são condicionados
pela linguagem.
Partindo do princípio de que os sentidos naturais
estabelecem de certa forma o sentido das coisas, fenômenos, e das ações
humanas, e que precisam dos vários campos do conhecimento nos processos de
escolhas, eles não são somente a via nas decisões que tomamos e no caminho a
seguir até a apreensão do conhecimento mais também o divisor entre eles.
Em uma mesma situação podem-se conceber várias
significações, dependendo do ponto de vista, do grau de inteligência, e dos
objetivos de cada pessoa, na
maioria das vezes a ética é usada mecanicamente, em outras é deixada de lado ou
passa despercebida. Uma pessoa pode ser mais inteligente que outra em um
aspecto da existência, porém, em outro não ter nenhum conhecimento ou
capacidade. Enfim, a inteligência depende dos sentidos assim como esses depende
dela, dessa interação nasce o conhecimento.
Existe assim, portanto, uma relação íntima entre
sentido, desejo, vontade, percepção, memória, inteligência, linguagem, que são
formas de realização da consciência e a ação humana na transformação da
natureza e do conhecimento humano, o conhecimento não esta ligado somente à
capacidade, mas também a forma com que cada sujeito percebe o mundo. O que
seria do ser humano, dotado de inteligência, sem as faculdades dos sentidos? De
que serviria os sentidos sem as capacidades da inteligência?
Salvador, Março/2011
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