Difusor de opiniões sobre os temas em questão e a relação entre eles na humanidade, desde tempos atávicos até a sociedade pós moderna.
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
sexta-feira, 9 de outubro de 2015
Arcanoteca: Mitologia Grega: ULISSES E O CICLOPE POLIFEMO
Arcanoteca: Mitologia Grega: ULISSES E O CICLOPE POLIFEMO: ULISSES E O CICLOPE POLIFEMO Odisseu ou Ulisses Foi um herói da guerra de Tróia. Rei de Ítaca. Foi o idealizador do cavalo de Trói...
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
A ARTE DA VIDA ©
Imagino um mundo sem violência, onde a tolerância com os outros seres seja recorrente. Um planeta auto-sustentável, onde a economia dê lugar à solidariedade.
Guerras: são coisas do passado; doenças: só existem na lembrança. Todas as pessoas vivem em harmonia com os animais e com cosmo.
Enfrentar os desafios e redimensionar os desejos, é viver o ser excência e o ser existência.
Pode parecer um sonho, uma representação, ou até utopia, no entanto, a história é feita de transformações, cada uma pessoa fazendo sua parte esse mundo será possível. Podemos sempre querer, devemos sempre tentar.
Sonhos e realidade se confundem na arte da vida, por que viver é uma arte, e nós, somos os atores e espectadores dessa atuação, é um jogo, onde não deve existir perdedores nem ganhadores.
O desconhecido é inevitavelmente maravilhoso, sem ele nossa existência seria menos prazerosa, pois, passado e futuro são subjetividades humanas, o passado só existe na lembrança, e o futuro reside na imaginação, mas o presente é como o próprio nome já diz, um presente. Vivamos assim essa dádiva.
Ulisses Pavinič
segunda-feira, 27 de abril de 2015
SER NO TEMPO ©
E eu me encontro ainda aqui.
Os fatores intervenientes,
não alteram os aspectos dimensionais.
Já se passaram tempos e tempos...
Todo o tempo...
Tempo? Ele sempre terá um espaço.
O tempo não passa.
Segue parado seu caminhar.
Ele sempre se faz presente,
trazendo surpresas a cada instante.
Lembrança! e esperança! convivendo juntas.
Passado! e futuro! ali.
O tempo! Só existe na mente humana. Ele fica guardado na memória. Dando voltas e ficando no mesmo lugar. Onde sempre esteve e ainda está. O tempo não dá, nem toma. É cruel. Leva sem piedade, e conduz a ilusão. Vivemos escravizados pelo Tempo... eternamente... Ulisses Pavinic
O tempo! Só existe na mente humana. Ele fica guardado na memória. Dando voltas e ficando no mesmo lugar. Onde sempre esteve e ainda está. O tempo não dá, nem toma. É cruel. Leva sem piedade, e conduz a ilusão. Vivemos escravizados pelo Tempo... eternamente... Ulisses Pavinic
sexta-feira, 6 de março de 2015
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, FISICOMOTOR E PSICOSOCIAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA ©
Fases, Aspectos Dimensionais e Fatores Intervenientes.
A primeira infância também chamada de estagio sensório motor, é um dos períodos do ciclo vital do ser humano mais extraordinário, acreditamos que seja se não a mais importante, situa-se entre elas. É neste período onde ocorre grande parte das mudanças que são necessárias para a vida, essas alterações que iniciam antes do nascimento, mesmo que de forma contingente, são sucedidas de um modo acelerado na primeira infância, entre elas destacam-se: o controle dos movimentos, equilíbrio, direção, sentido; a memória, pensamento, linguagem, percepção; os sentimentos de emoção, afetividade; o comportamento, o eu, outro, mundo; bem como, os efeitos nas construções cognitivas, resultantes do impacto nessa relação social e cultural.
Uma questão importante, diz respeito à atenção que se deve ter nessa etapa da vida, pois, apesar de o organismo, por um lado ter condições de ajustamento ao meio em que vive, e o realinhamento às etapas do desenvolvimento: cognitivo, psicossocial e fisicomotor, ou seja, quando a passagem de uma fase para outra acontecer fora da idade ideal, as etapas subseqüentes podem ser aceleradas, retornando ao seu alinhamento. Por outro lado, na primeira infância essas construções acontecem de forma acelerada, sendo assim, as rupturas para serem estabelecidas após o período de intervalo aceitável, precisa de mais tempo que o necessário, caso tivessem sucedidas dentro do padrão convencional.
As transformações sofridas nessa fase estão intrinsecamente ligadas, percorrendo um caminho com certa regularidade, a mudança de fase obedece uma ordem de sucessão fixa, e só acontece após a outra ser concluída, a estrutura existente serve tanto de substrato para a formação da próxima como passa a fazer parte dessa nova estrutura pelo processo de acomodação e assimilação, coexistido pacificamente. assim como ela não adquire novas funções.
A primeira ruptura acontece com a alteração do ambiente após o nascimento, a partir dessa mudança até os seis primeiros meses, a criança passa pelo período do desenvolvimento sensorial, através das fases: oral; anal; fálica; latente e genital, expressa emoções de afetividade como primeiro recurso de interação, apresenta movimentos descoordenados; Segue ampliando o seu mundo até os doze meses, à medida que desenvolve os movimentos com mais independência, ultrapassando a contingência social familiar, percebe o mundo independente do seu campo de visão, com a utilização das leis da casualidade: tempo e espaço. Em seguida sucede a transformação definitivamente mais importante, o ingresso na fase glóssica, período da dimensão expressiva, entre um a três anos, estabelecendo a criança no mundo cultural. A criança adquire inteligência discursiva por meio da fala, as representações simbólicas ocorrem no pensamento por meio da palavra. O estagio do desenvolvimento moral é classificado como anomia.
As construções que são formadas nessa etapa, têm relação com as três dimensões do desenvolvimento, destaca-se aqui a psicossocial, a razão sozinha não pode construir intuição, percepção, concepção, nem proporcionar sentimento de irritação, satisfação, nem tampouco, estabelecer condições de identidade; assim como a motricidade denominada também de psicomotora, não se desenvolve sem estímulos externos, sem que haja uma relação com o ambiente e as pessoas, todas as capacidades e sentimentos têm uma matriz nas relações que se estabelecem.
Por outro lado os processos mentais e os fenômenos psíquicos estão presentes em todas as dimensões do desenvolvimento, a edificação da cognição depende deles na medida em que os fenômenos ocorrem em sua estrutura; como não se concebe a motricidade fora do sistema psicosensorial, mesmo que o movimento esteja presente em toda nossa vida, desde o ato de fecundação até a morte, ainda assim, prescindem desses processos. A psicomotricidade começa de forma incipiente a partir desse ato e a efetivação dos processos e fenômenos, se dará ao longo da vida, por fim, as relações que se estabelecem do ser com o meio sociocultural, também sofrem influência deles.
Essa dependência tridimensional que a criança tem, logo após o nascimento, não se da de forma passiva, e sim ativa, pois, ao mesmo tempo em que aumenta a capacidade motriz amplia o mundo ao seu redor, possibilitando o acumulo de fenômenos que por sua vez ampliam a cognição,
Devemos ressaltar que, os aspectos dimensionais do desenvolvimento na primeira infância e seus fatores interventores, não permaneceram inalterados ao longo da existência humana, além, dos aspectos peculiares das diversas culturas existentes, pois, o modo de se relacionar e a estrutura do processo cognitivo, dependem de circunstâncias culturais que são construídas de forma ininterrupta. Por esse motivo, em cada época e nas variadas nações, são apresentadas variações determinantes, por exemplo: em tempos atávicos as necessidades, as habilidades, as dificuldades eram muito diferentes das que existem ultimamente, assim como a diferença cultural entre as nações, produzem um desenvolvimento na primeira infância distinto e com viés particularizado.
Como já exposto, o desenvolvimento nessa faixa etária se constrói de forma breve, articulada e dependente, seguindo uma seqüência e um cronograma, com certa regularidade media, e os fotos sociais, os fenômenos, são os meios que interferem em todas as dimensões e fases do desenvolvimento. Entretanto, existem fatores intervenientes além do de ordem social: ambiente, contexto, história; existe o pessoal, abrangendo as experiências pessoais e as características associadas; e biológico, compreendendo a hereditariedade, crescimento orgânico e maturação, ou seja: a qualidade no processo da alimentação, funcionamento e produção hormonal das glândulas endócrinas, as necessidades orgânicas, que são funções biológicas; a concepção de si e do outro, o próprio condicionamento no mundo, bem como o resultado do impacto na relação com o outro e com o meio na construção dos processos cognitivos, são fatores pessoais.
SANTANA, Ulisses da Silva
Questões filosoficas ©
As cinco principais perguntas filosóficas são: O que é (uma coisa, um valor, uma ideia, um comportamento). Ou seja, a filosofia pergunta qual é a realidade e qual é a significação de algo, não importa o que; De que é (utensílio, coisa, objeto, matéria ) ou a filosofia indaga de que é feito algo; Como é (uma coisa, uma ideia, um valor, um comportamento). Ou seja, a filosofia investiga como é a estrutura de sistemas de relações que constitui a realidade de algo; Por que é (uma coisa, uma ideia, um valor, um comportamento). Ou seja, a filosofia pesquisa o porquê de algo existir, qual é a origem ou a causa de uma coisa, de uma ideia, de um valor, de um comportamento. De onde vem (realidade, origem, principio). Ou seja, a filosofia busca a causa, quem e esse que a fez, o agente que o produziu. É na relação entre a interrogação e a realidade, o-que-é, nesse choque entre a potência e o ato, que se dá a inteligência plena, é onde ela alcança o seu mais alto grau na realização da sua função. A interrogação questiona e interage com a realidade confrontando-a e revelando-a à consciência, por meio dos sentidos, ela reside na razão. A inteligência determina a realidade, é o resultado do encontro do-que-é e a interrogação, logo que a inteligência reconhece a realidade nasce a interrogação o que isto é? Interroga qual o principio das coisas. Por que os seres nascem e morrem? Por que tudo muda, as coisas se tornam opostas ao que eram e nada permanece idêntico a si mesmo? De onde viemos e para onde vamos? Onde esta a essência das coisas? O que é liberdade? Como alcançar a verdade? São as interrogações nesse contato com a experiência sensorial, que refletem o mundo material para a consciência, nesse sentido, o processo de filosofar, os princípios da ciência, e as descobertas cientificas, a fé dogmática e até os mitos entre outros, em suas dimensões iniciam com a interrogação, desse modo é de grande importância para o individuo e para toda sociedade, no desenvolvimento da cultura, artes, tecnologias, impulsionando e gerando conhecimento, como sua força motriz.
Da pessoa ao ser: Antropologia metafísica. O que é metafísica? Cap. V; A interrogação e as experiência. In Marie Dominique Philippe; Do “isto é” ao “eu sou”. Considerações para uma metafísica da pessoa humana. In Marie Dominique Philippe.
SANTANA, Ulisses da Silva
O que é o ser ©
A nossa inteligência nasce em potencia e vivendo nesse estado latente necessita encontrar-se revelar-se a si própria, pelo choque do-que-é que nos leva ao fundo da nossa inteligência. Essa é a grande descoberta de Parménides o ser das coisas não podem ser somente humanas atestada pela corrente mais viva do pensamento da filosofia contemporânea “o que é o ser: o ser “é” e não pode não ser...” Parménides. Heidegger considera redescobrir o espírito na sua fonte “só pode estar plenamente em ato se estiver “determinada”. Isto é na sua qualidade de existir”. São Tomaz repetindo uma frase de Aristóteles recebida de Avicena “primeira coisa que a mente descobre é o-que-é”. Ou em latim: “é o-que-é que “cai” antes de qualquer coisa na inteligência” o-que-é determina e da a medida da inteligência.
Da pessoa ao ser: Antropologia metafísica. O que é metafísica?
SANTANA, Ulisses da Silva
A causa final própria do-que-é enquanto ser ©
A busca constante pelo conhecimento esta na natureza humana, mas a razão infinita dessa busca é como o espaço o tempo e a existir, Considerando que o ser humano possui uma inteligência em estado de potência, e o seu contato com a realidade existente em ato: os objetos, fatos, os fenômenos, fazem com que imediatamente a inteligência interrogue: o que é? A partir desse instante aciona a busca pelo conhecimento do-que-é de forma racional dando um sentido e de forma empírica através dos sentidos, extraindo o seu significado, nesse choque com a inteligência se dá o conhecimento. Existem algumas razões que devem ser consideradas, a felicidade, o belo, uma ética universal, além do conhecimento de si próprio, da natureza, das coisas que o cercam e do universo, tendo como finalidade o bem estar. É no estabelecimento de uma relação com o ser que, o-que-é realiza-se em sua plenitude dando sentido e significado aos objetos e criando relações de conhecimento, indo do isto é ao eu sou, melhorar o ser humano e desvendar o mundo em que vivemos é a causa final própria do-que-é enquanto ser. É pela angustia da morte que o homem conhece a sua verdade. Haideger. "Se temos que morrer nossa vida carece de sentido". Sartre
Da pessoa ao ser: Antropologia metafísica. O que é metafísica? Cap. V
SANTANA, Ulisses Silva
RELAÇÃO ENTRE INTELIGÊNCIA E OS SENTIDOS NATURAIS. ®©
O campo dos sentidos naturais (tato, audição, paladar, olfato, visão), está intimamente ligado com
o campo da consciência e da inteligência, sendo intermediados pela linguagem
humana. Desse modo, podemos afirmar que sem um desses campos do conhecimento
seria pouco provável a existência humana da forma em que ela foi concebida ao
longo da história, muito menos as relações socioeconômicas, políticas e culturais
vividas na atualidade.
A inteligência, uma capacidade inerente ao ser
(existência), opera em um campo próximo da memória e da razão abstrata,
interagindo com os sentidos. Com sua plasticidade e flexibilidade inova e
adapta novas formas de inteligência e transforma o mundo real. Com essa
acepção, os sentidos são uma via de mão dupla, entre a consciência e o mundo real,
por que ao mesmo tempo em que são um veiculo de interferência na natureza eles
trazem de volta as percepções e impressões resultantes dessas. Sem esses
elementos não se estabelece o contato da consciência com a realidade das
coisas, objetos, utensílios, fatos ou fenômenos.
“Vale
ressaltar que os sentidos da visão e audição não interferem diretamente na
natureza enquanto que os sentidos do paladar tato e olfato interferem
diretamente através da troca ou transformação das coisas no mundo”.
A inteligência atua como uma categoria a priori e ao mesmo tempo a posteriori. Na forma da inteligência pratica e instrumental,
leva à consciência as impressões retiradas da realidade através dos sentidos
naturais, criando ideias, juízos, e estabelecendo a memória, que por sua vez é
usada paralela à inteligência teórica e
abstrata para realizar novas transformações na natureza por intermédio dos
sentidos.
Os sentidos são responsáveis diretos pela
capacidade do ser de conhecer a essência das coisas. O ser enquanto existência,
no uso da capacidade da inteligência e das faculdades dos sentidos,
intermediados pela linguagem dão o sentido à vida, aos objetos, e aos
fenômenos, apreendendo, criando, e transformando a realidade.
Entre a
consciência do indivíduo (sujeito do
conhecimento), e o mundo real (objeto
do conhecimento), se passa a formação do conhecimento. Sendo assim, o ser
do conhecimento em contato com os objetos do conhecimento, por meio
dos sentidos e da linguagem, definem e cumprem os contratos sociais e as
convenções estabelecidas neles pela cultura, costumes e hábitos na busca do
prazer (do bom e belo) e da razão da existência humana.
A sensação, percepção, memória, imaginação,
reflexão, intuição, razão, pensamento, impressão; influenciados pelos
preconceitos, crenças, valores, princípios; envolvidos por sentimentos de
necessidade e prazer; estabelecem os hábitos, os costumes; e são condicionados
pela linguagem.
Partindo do princípio de que os sentidos naturais
estabelecem de certa forma o sentido das coisas, fenômenos, e das ações
humanas, e que precisam dos vários campos do conhecimento nos processos de
escolhas, eles não são somente a via nas decisões que tomamos e no caminho a
seguir até a apreensão do conhecimento mais também o divisor entre eles.
Em uma mesma situação podem-se conceber várias
significações, dependendo do ponto de vista, do grau de inteligência, e dos
objetivos de cada pessoa, na
maioria das vezes a ética é usada mecanicamente, em outras é deixada de lado ou
passa despercebida. Uma pessoa pode ser mais inteligente que outra em um
aspecto da existência, porém, em outro não ter nenhum conhecimento ou
capacidade. Enfim, a inteligência depende dos sentidos assim como esses depende
dela, dessa interação nasce o conhecimento.
Existe assim, portanto, uma relação íntima entre
sentido, desejo, vontade, percepção, memória, inteligência, linguagem, que são
formas de realização da consciência e a ação humana na transformação da
natureza e do conhecimento humano, o conhecimento não esta ligado somente à
capacidade, mas também a forma com que cada sujeito percebe o mundo. O que
seria do ser humano, dotado de inteligência, sem as faculdades dos sentidos? De
que serviria os sentidos sem as capacidades da inteligência?
Salvador, Março/2011
sábado, 14 de fevereiro de 2015
Existe Lei de Causa e efeito
Artigo de Riis Rhavia Assis Bachega¹
A ideia de que eventos tem sua existência condicionada a eventos passados é muito forte na história do pensamento ocidental, com muitas implicações para a vida cotidiana, para filosofias metafísicas e esotéricas, assim como para a ciência. Então se cunhou a chamada Lei da Causa e Efeito, enunciada como: Todo evento ou objeto na natureza os quais chamamos de efeitos tem a sua razão de existência em eventos e objetos passados os quais chamamos de causas, todo efeito tem uma causa.
Esta ideia é tão dominante que já está incorporada em nosso vocabulário. Expressões como “por causa de”, “por que”, “segue-se que”, e outras evidenciam o raciocínio causal inerente a nossa linguagem. Escolas de pensamento metafísicas e esotéricas, entre as quais se destaca a aristotélico-tomista entendem a causalidade como uma propriedade inerente ao mundo físico, uma lei da natureza, a sacrossanta “lei da causa e efeito”.
Na filosofia de Aristóteles (394-322 A.C.) a ideia de causa é central, tanto que ele classifica as causas em quatro tipos: causa material (do que é feito o objeto), causa eficiente (o que faz o objeto), causa formal (qual a forma do objeto) e causa final (propósito com o qual o objeto foi criado). Como não poderia haver uma sequencia infinita de causas, deveria haver uma causa primeira ao qual Aristóteles chamou de “primeiro motor imóvel” e mais tarde São Tomás de Aquino (1225-1274) iria identificar com o Deus cristão. Vemos aí como a lei de causa e efeito é o pilar central do argumento cosmológico para a existência de Deus: Se tudo tem uma causa, logo o universo deve ter uma causa e essa causa chamamos de Deus.
Mas será mesmo que a lei de causa e efeito é uma lei da natureza, assim como as leis de Newton ou a lei da conservação da energia? Ela é inerente ao universo como alegam as escolas de pensamento metafísicas e esotéricas? A ciência depende do princípio da causalidade? Procurarei mostrar nesse texto que a resposta para todas essas perguntas é não!
Comecemos pela ideia de que a lei de causa e efeito se trata de uma lei da natureza assim como as demais leis. O que caracteriza uma lei da natureza é a nossa capacidade de testá-la empiricamente. Veja o exemplo da lei de Boyle para os gases perfeitos que diz que a pressão de um gás é inversamente proporcional ao volume. Podemos testá-la para qualquer gás que consideramos como aproximadamente perfeitos, e verificar (ou melhor, tentar falsear, mas isso fica para outra discussão) sua validade a partir de dados quantitativos. Como isso? Variando a pressão e verificando que o volume varia de maneira inversa, ou o contrário.
Mas isso não vale para nossa lei de causa e efeito, a qual longe de ser uma lei que pode ser testada empiricamente ela é uma tautologia, ou seja, um raciocínio que as premissas validam automaticamente as conclusões, em outras palavras, uma redundância. Veremos como: Ao nos depararmos com um evento ou objeto, já tentamos procurar causas para esse evento ou objeto, se conseguirmos descobrir a causa, ótimo, caso contrário se diz que a causa é “desconhecida”, mas nunca se aventa a ideia de que não exista causa. Portanto, o raciocino causal é um raciocínio circular. Ao assumirmos que “todo acontecimento tem uma causa” e “aconteceu alguma coisa aqui”, deduzimos “que o que aconteceu aqui tem uma causa”. Então vemos que a lei de causa e efeito ou princípio da causalidade, como você preferir chamar, não se trata de uma lei da natureza que podemos verificar empiricamente, mas antes um princípio metafísico pelo qual entendemos a sequencia dos eventos que observamos.
Vamos à segunda questão: o princípio da causalidade é inerente à natureza, sendo o princípio que revela o quão o nosso universo é ordenado e racional, implicando assim em uma mente que tenha ordenado o universo? Tal alegação das escolas de filosofia metafísica e esotéricas já recebeu diversas críticas, entre as quais não podemos deixar de destacar aquelas deferidas por David Hume (1711-1776).
Hume mostra brilhantemente como o pensamento causal não advém de princípios lógico-racionais, mas é mero fruto do hábito e costume. De tanto vermos eventos se sucedendo repetidas vezes, nos habituamos a entendê-los como casualmente conexos. Por exemplo: acendemos o fogo e sentimos calor, logo a causa da sensação de calor é o fogo; deixamos um copo cair e ele se quebra, logo a causa da quebra do copo é temos o deixado cair.
Mas o que nos garante que esses eventos sempre se sucedem desta maneira, que sempre que acendermos o fogo iremos sentir calor, que sempre que deixarmos o copo cair ele irá se quebrar? Não existe nenhum raciocínio lógico que nos garanta que esses eventos citados sempre irão se suceder desta maneira, que sempre foi assim no passado e que será assim em todo lugar. O que temos é a expectativa de que ao acendermos o fogo sentiremos calor, ou de que deixarmos o copo cair ele irá se quebrar, e essa expectativa é criada a partir do hábito de vermos repetidas vezes esses eventos se sucederem da maneira descrita. Não há nada de racional no pensamento causal, ele é meramente fruto do hábito e, portanto não faz sentido dizer que ele é inerente ao universo, apenas uma maneira como nossa psique entende o mesmo.
Vamos à última questão, que será a mais demorada: a ciência depende do princípio da causalidade? Uma resposta provisória é que a principio sim. A teoria mais bem sucedida da história da ciência, a mecânica Newtoniana é assentada sobre o princípio da causalidade. A segunda lei de Newton ou lei fundamental da dinâmica nada mais é do que uma lei de causa e efeito. Ela é escrita da forma
,
e diz que a ação de uma força resultante sobre um corpo (causa) produz uma variação no estado de movimento do mesmo (efeito). Conhecendo todas as forças que agem sobre um corpo e as condições iniciais (posição e velocidade inicial) podemos resolver a equação e conhecer com exatidão a trajetória deste e assim prevê estados futuros. Com isso a ideia de causalidade fica atrelada a ideia de determinismo.
Temos então uma situação que deixou Hume muito desconfortável: Ele havia mostrado que a ideia de causalidade não é racional, mas apenas fruto do hábito, no entanto, a mecânica Newtoniana tida na época como o suprassumo da razão e que havia sido muito bem sucedida em explicar uma série de fenômenos era assentado sobre um princípio de causalidade. Como sair desse impasse? A resposta é que causa e efeito não é uma conclusão da ciência, mas um pressuposto desta.
No entanto, ela é um pressuposto que admite outros pressupostos. O primeiro deles é a de uma linearidade nos eventos. Vemos os eventos A e B se sucedendo linearmente e estabelecemos relação causal entre eles, chamando A de causa e B de efeito. Porém, para fenômenos cíclicos – e há muitos deles na natureza – essa ideia fica mal posta, uma vez que em um ciclo qualquer evento pode ser tomado como inicial e este coincide com o final. Vejamos o exemplo do ciclo da água: podemos perguntar o que causa a chuva. A resposta é as gotículas de água que precipitam na atmosfera. E o que causa as gotículas de água? A água que evapora do solo que precipita com a chuva. Ou seja, qualquer um pode ser tomado como causa e como efeito, eles se confundem e a ideia de causalidade fica mal posta em se tratando de fenômenos cíclicos.
Outro pressuposto é que pra falarmos em causa, é necessário de falar em agentes causais. Na mecânica Newtoniana isso fica muito bem posto, no caso são as forças que atuam sobre o corpo. Mas na termodinâmica isso se perde, uma vez que tratamos de sistemas com um número muitíssimo grande de partículas, tal como um gás ou um sólido. Para esses sistemas, conhecer todas as forças que agem em cada partícula que os compõem é do ponto de vista prático totalmente inviável. Então substituímos a abordagem assentada sobre o princípio da causalidade para uma abordagem assentada sobre o principio da descritibilidade. A segunda lei da termodinâmica que pode ser enunciada da forma “o calor sempre flui do corpo de maior temperatura para o de menor temperatura”, em nada lembra a segunda lei de Newton, pois esta fala em obter estados futuros a partir do conhecimento das causas e condições iniciais, enquanto a segunda lei da termodinâmica apenas descreve uma tendência estatística que sistemas físicos se comportam. O calor até poderia fluir do corpo de menor temperatura para o de maior temperatura, no entanto isto é do ponto de vista estatístico tão improvável, que nuca se viu acontecer tal fenômeno. Reiterando, a termodinâmica ao contrário da mecânica Newtoniana não entende os sistemas a partir de um princípio de causa e efeito, apenas descreve estatisticamente como ele se coporta.
Outro pressuposto do princípio da causalidade é o de uma assimetria entre causa e efeito. O efeito depende da causa, mas a causa nunca dependerá do efeito, e isso se percebe claramente na lei fundamental da mecânica, a segunda lei de Newton: a aceleração que depende da força, nunca o contrário. No eletromagnetismo o que temos é uma simetria, pois suas leis fundamentais, as equações de Maxwell são simétricas. Elas nos dizem que uma variação no campo magnético produz campo elétrico e vice-versa. Dessa maneira, é perfeitamente possível entender o campo magnético como “causa” do campo elétrico e o campo elétrico como “causa” do campo magnético. Quem é causa e quem é efeito é uma questão que não fica clara. Novamente a ideia de causa e efeito está mal posta, portanto não é um princípio de causa e efeito que está por trás das leis do eletromagnetismo, pois elas são simétricas. Novamente o que temos é o princípio da descritibilidade.
E o pressuposto principal que contradiz ao raciocínio “tudo tem uma causa, logo o universo tem uma causa” é o da temporalidade. Para falarmos em sucessões de causas e efeitos, temos de admitir a sucessão temporal entre o que classificamos como causas e como efeitos. A noção de causalidade está submetida à noção de temporalidade, tanto é que no contexto da relatividade geral de Einstein, a maneira como se dá a relação causal entre eventos, ou seja, quais eventos podem ter conexão causal entre si e quais não, são dados pela geometria do espaço-tempo em questão, a isso se chama estrutura causal do espaço-tempo. E como isso implica no argumento cosmológico para a existência de Deus? Implica que é a causalidade que está submetida ao espaço-tempo, e não o contrário, e falar que o universo necessita de uma causa significa falar que o espaço-tempo precisa de uma causa, o que não faz sentido.
Vimos que embora esteja fortemente presente na mecânica Newtoniana (o que não é de se surpreender, afinal a Europa estava recém-saída da Idade Média e o Tomismo ainda era forte), o princípio da causalidade perde força no decorrer do desenvolvimento da ciência, principalmente no contexto da termodinâmica e do eletromagnetismo e dá lugar ao princípio da descritibilidade. As leis não são mais enunciadas na forma “A causa B”, mas sim da forma “A evolui no tempo para B e essa evolução é descrita pela seguinte equação diferencial…”. Nem vou entrar no mérito da mecânica quântica em que não conseguimos falar de causas e determinação de estados futuros, apenas em probabilidades de obter esses estados. Ainda há uma discussão nesse âmbito, se o que há na mecânica quântica é indeterminismo ou incausalidade, ou as duas coisas. O certo é que mesmo no contexto da física clássica o princípio da causalidade perde um pouco da sua força, e, portanto ele não é tão fundamental assim para a ciência como se alega.
E mesmo que se enunciem as leis da natureza da forma “A causa B”, elas já seriam leis de causa e efeito, portanto não faria sentido falar em uma “lei da causa e do efeito” que junto com as outras leis da natureza regeriam o universo. Ela é um princípio metafísico, não algo inerente ao mundo como alegado por escolas metafísicas e esotéricas, mas que tem sim enorme utilidade tanto na vida cotidiana como na ciência (muitas vezes obtemos soluções matemáticas para problemas físicos e as descartamos a priori por que violam o princípio da causalidade). Para terminar, cito David Hume que soube dar o devido valor a sacrossanta “lei da causa e efeito”, ao reconhecer sua utilidade prática.
O costume é, pois, o grande guia da vida humana. E este o princípio que, sozinho, torna nossa experiência útil…Sem a influencia do costume, deveríamos ficar inteiramente ignorantes de qualquer matéria de fato que fosse além do que está imediatamente preso a memória e aos sentidos.
¹ Riis Rhavia Assis Bachega é graduado em física pela Universidade Federal do Pará e atualmente é mestrando da Universidade de São Paulo.
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