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sexta-feira, 22 de abril de 2016

MEDO EXISTENCIAL ©

Desde tempos atávicos a humanidade lida com sentimentos diversos como: ódio; amor; alegria; tristeza; além de destemor e medo... Esse último, foi inicialmente relacionado com a sobrevivência, passando por um período de afirmação do indivíduo como ser social na busca da civilidade, até os dias atuais, quando o capital suplantou o social, em um mundo onde o ter se tornou mais importante que o ser. Deste modo, sentimento como medo, dão origem a outros sentimentos num misto antagônico, deprimindo e revoltando pessoas, quando temem não poderem alcançar o que lhes são impostos pela sociedade. Essas imposições refletem na própria sociedade, levando a consequências trágicas, além de potencializar ainda mais esses sentimentos, num ciclo ascendente e infinito. Se por um lado, essas ações são induzidas pelo ódio traduzidas na violência de certos grupos sociais que causam o temor, destroem e massacram, por outro, os indivíduos menos favorecidos são violentados pela submissão a outros grupos sociais que usurpam sua força de trabalho em troca da própria sobrevivência, desfraldando-lhes a mais valia ao tempo em que negam-lhes o conhecimento. Às formas são muitas, porém, as consequências são as mesmas: medo revolta, submissão, ódio... A coisificaçao das pessoas e a personificação das coisas na nossa civilização, transformou o aspecto fundamental do medo do modo em que ele ocorria mas civilizações antigas, quando o valor residia na capacidade de dominação pela força do poder bélico, através das guerras, para o medo da própria "liberdade" hoje em dia, quando vivemos presos a uma pseudo autonomia. As pessoas são livres mas não sentem-se a vontade para usufruírem dessa independência. Por força da imposição do capital sobre o social, produzem cada vez mais, e não tem o direito de desfrutarem desses bens. Outro fator preponderante que afeta as pessoas atualmente é o medo do desconhecido, no entanto, a história tem mostrado que sem as rupturas de paradigmas, e as mudanças nos dogmas estabelecidos, não teríamos alcançado o potencial científico e tecnológico, muito menos o patamar de desenvolvimento cultural e social que vivemos, apesar de suas muitas contradiçoes. As maravilhas do desconhecido tornam a existência no mundo inevitavelmente maravilhosa e prazerosa. Portanto, acredito que o medo do desconhecido pode ser visto como uma força motriz e condutora das mudanças sócio-culturais, e uma das razões da própria existência humana. Ulisses Pavinič Professor e poeta

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