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domingo, 13 de março de 2016

Relativização do Absolutismo? ©

O conceito de gostar é relativo, mesmo porque já sabemos que a subjetividade é individual, e, nem mesmo a realidade objetiva é absoluta. Ele, "o gostar", possui graduações, dependendo da pessoa, da circunstância, do objetivo ou lugar, portanto, a aceitação ou não do outro não deve ser avaliada como um paradigma.


Existem modos e pontos de vista diferentes, não podemos desejar que todos os seres humanos tenham o mesmo padrão de sentimento, ou, melhor dizendo, tenham sentimentos com o mesmo grau, por que o olhar de cada pessoa é único. A dor, o amor, o ódio... são sentimentos particulares, o que uma determinada pessoa sente não pode ser medido pela outra.


Não se deve afirmar portanto, que uma determinada pessoa tenha ódio enquanto que outra tenha amor; que alguém não tem sentimento enquanto outra é sensivelmente grande; que um ser não está sentindo isso ou aquilo, essas são afirmações um tanto quanto falaciosas, pois, na sua grande maioria, elas estão carregadas de prejuízos, preconceitos, pressuposições, além de sofrerem influências culturais, de valores e de crenças particulares.


Poder afirmar que o ódio ou amor de um indivíduo é maior ou menor do que o de outro, não passa de um engano subjetivo que máscara a realidade, criando estereótipos e personificado as pessoas, é um erro grave da humanidade, que precisa e deve ser extirpado.


Antes de fazer qualquer juízo de valor, precisamos compreender o dessemelhante e respeitar o contraditório, pois há modo e modos de ação, visão e visões de mundo. Conhecer a si própria já é um grande passo para distinguir o verdadeiro do falso, o absoluto do relativo.

Ulisses Pavinič 

Professor, Filósofo e Ator 

segunda-feira, 7 de março de 2016

REFLEXÃO SOBRE O BRASIL ATUAL ©

A realidade da sociedade brasileira hoje se compara ao protagonismo geopolítico instituído no início do século XX, agravada pela intolerância e o ódio contra as minorias.

 

A rivalidade de um povo "pacifista", até então considerado globalmente como "alegre e festivo", e internamente tolerante à submissão e opressão imposta pelos oligarcas fascista de plantão, que dissimulam e manipulam o conhecimento e a informação ao bel prazer, expõe as mazelas de uma sociedade ignorante e prepotente.


Uma parcela desses oprimidos estão alienados, e são cooptados pelo falso discurso da meritocracia, acreditando na possibilidade de galgarem degraus, e ingressarem na classe dominante, eles vivem uma vida inteira no sonho, sem sequer alcançá-la. Inconscientemente, ou não, estão a disposição daqueles que se mantêm no poder, como escudo protetor contra seus pares.


Usam uma retórica de ódio e destruição (quando não a praticam), contra todos os que não se encaixam no paradigmas de sociedade que defendem, impondo-lhes suas "convicções" sem ao menos respeitar o contraditório.


Essa luta de classes tem origem na colonização, passando pelo Império, pela República, pela ditadura, persistindo até a pseudo democracia nos dias atuais. Portanto, ela pode ter tido inicio, porém, não tem dono. Em alguns momentos essa tensão se mostra acirrada, em outros, subjetivada e com um aspecto pacifista, entretanto, nunca deixou de existir.


Ao longo dos últimos cinco séculos, a burguesia tem mantido seu domínio através das instituições financeiras, políticas, econômicas, jurídicas, religiosas e culturais do país.


Os Estados nacionais, corporações e governos surgidos desde o período pós guerra fria, nos deixou como exemplo que: só quem ganha nos momentos de crise política e economica, são aqueles que controlam o grande capital, eles sim, sabem como proteger o seu patrimônio e concentrar ainda mais renda.


A próxima revolução não será da esquerda contra direita, do capital contra o trabalho, mas sim uma revolução cultural. O jogo do xadrez está sendo movimentado para o lado do conhecimento, a manipulação educacional e da informação está criando um mar de pessoas alienadas e submissas, através do controle de suas mentes, desejos e vontades, impondo-lhes padrões de crenças e valores com ações efêmeras e fugazes possibilitando o surgimento de uma "sociedade líquida" como dizia Bauman. 


Em uma reflexão imparcial e isenta, vislumbra-se um futuro imprevisível e sombrio para a fragilizada democracia brasileira, com risco de se tornar uma aristocracia degenerada, como diria Aristóteles, ou ainda pior, uma teocracia fascista.


Ulisses Pavinič

Professor, Filósofo e Ator. 

RECRIAÇÃO AXIOMÁTICA ©

Em momentos de pura elocubração reflexiva, me considero aprisionado pela própria consciência.
No instante em que tive a lucidez  mais aguçada, um sentimento de impotência invadiu meu ser, não me permitindo conceber a ideia de maneira fiel, enquanto que a vivacidade não pôde ser refletida por uma simples razão, a memória já não corresponde com a mesma intensidade de outrora.
A convicção por si só deixou claro que as possibilidades são inversamente proporcionais à renúncia.
A clareza suplantou os lapsos agudos de obscuridade, e a persistência sagaz fluindo de ato a potência, reconstruiu a realidade no influxo de ressignificação.
Ulisses Pavinič

domingo, 6 de março de 2016

Voltas do mundo

Obra de arte dos sobrinhos Júlia Caroline e Kauã Américo, 09 anos de idade. Acrílica sobre MDF 2016. 72x30x2cm.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Emoções indigestão e doenças psicossomáticas

Por: Soraya Rodrigues Alves

“Quando não nos expressamos através da linguagem verbal, o corpo se encarrega de apresentar o seu próprio discurso. Sendo assim, a qualidade de nossos pensamentos e sentimentos irão repercutir na qualidade de nossas emoções e consequentemente em nossa qualidade de vida” “Como você funciona diante do estresse diário ou quando uma situação requer uma demanda emocional mais intensa? Como você lida com sentimentos como a tristeza e a raiva? Você perdoa com facilidade ou tem a tendência de guardar mágoa e rancor? O ser humano é um todo integrado, não existindo na prática separação entre mente e corpo. Sendo assim, processos físicos não estão dissociados de processos mentais. Partindo deste pressuposto, todos nós somatizamos em maior ou menor grau, dependendo do evento estressógeno, bem como de nossos recursos físicos e emocionais. Seguindo esta linha de raciocínio, excetuando as doenças congênitas, nenhuma doença é totalmente física ou totalmente “mental”, já que o ser humano é sistêmico, apresentando, portanto, abordagem multifatorial na determinação de seus comportamentos, bem como no desenvolvimento de qualquer transtorno. Em outras palavras, o homem é biopsicossocial e espiritual. Qualquer teoria ou conceito que não vá de encontro com esta multideterminação do homem é reducionista e não procura compreende-lo em sua complexidade e singularidade. Sendo assim, a qualidade de nossos pensamentos e sentimentos irão repercutir na qualidade de nossas emoções, e como o homem não é dissociado, o físico pode adoecer por conta de emoções mal elaboradas. Fundamental é um espaço de escuta, sendo a verbalização ponto importante no processo de cura.   Quando não nos expressamos através da linguagem verbal, o corpo se encarrega de apresentar o seu próprio discurso e isto é totalmente personalizado. Não existe uma “receita pronta” que explique matematicamente que “dor nas costas” significa isto, que “dor na garganta” significa aquilo. Em processos subjetivos esta convicção é muito perigosa, visto que a pessoa pode se vincular a um significado pronto e “fugir” das reais significações personalizadas que originaram aquele distúrbio. Cada individuo apresenta capacidade de vivenciar de maneira única, embora existam explicações etnopsicológicas que contribuem significativamente na elucidação da maneira de estar e sentir de um determinado grupo social. Deste modo, o cultural é apenas uma fatia de um processo global, sendo necessário muita cautela para não reduzir o homem a um único aspecto; sendo primordial realizar uma análise funcional personalizada para avaliar como se processa o cotidiano da pessoa, para averiguar algum comportamento disfuncional ou condição que possa estar colaborando para o desenvolvimento daquele distúrbio especifico. Sendo assim, fatores genéticos, ambientais, idiossincráticos e estilo de vida devem ser levados em conta. A grande maioria das “perturbações psicossomáticas” que desenvolvemos estão associadas a sentimentos negativos como ressentimento, raiva, ódio, inveja, tristeza, mágoa, culpa, frustração, medo e falta de perdão. O perfil psicológico de pessoas com somatizações intensas são as angustiadas, rancorosas, reprimidas, tensas, ansiosas, inflexíveis e controladoras. Sendo assim, emoções negativas devem ser trabalhadas, pois estas nos envenenam lentamente, minando o Sistema Imunológico e fragilizando nosso organismo. O resultado disto: abrimos frestas para o desenvolvimento de algumas doenças, tais como ulcera gástrica, dores músculo-esqueléticas (por ex. Fibromialgia), doenças cardíacas, respiratórias, auto-imunes e até mesmo o câncer. Deste modo vale a pena refletir sobre a qualidade das emoções que estamos alimentando diariamente pois estas tem o poder de curar e gerar doenças. A questão do perdão deve ser aprofundada, pois a não-liberação deste é terrível, não se tratando somente de religiosidade ou mesmo de espiritualidade. Vários estudos científicos já comprovaram o quanto o ódio, a tristeza e a falta de perdão assolam nosso físico e a nossa existência. Como relatei em um outro artigo, perdoar não é somente um ato de benevolência para com o outro, mas sobretudo de inteligencia para conosco. Este raciocínio advém do fato de que é contraproducente continuarmos reverberando este mesmo mal, ou seja, não devemos ruminar nossa desventura, pois muitas vezes aquele que causou um dano, sequer está lembrando do fato. Em outras palavras, os únicos prejudicados somos nós mesmos, entre aspas, pois a Lei Divina, que é perfeita darà a cada um de acordo com as suas obras. Portanto, o melhor a fazer é trabalhar cada aspecto negativo dos “bombardeios da vida” a que estamos sujeitos e sendo assim, desenvolver estratégias existenciais para fechar feridas emocionais quando isto for preciso.O mal pode prevalecer por alguns instantes, mas nunca vence! Faça a sua parte, faça o bem e deixe o resto por conta do universo. Para Refletir: O trabalho constante das emoções tóxicas tem o poder de curar nossa vida, pois tiramos um peso das costas. O melhor a fazer por nossa saúde é esquecer aquela raiva, trabalhar aquela tristeza, ressignificar algum acontecimento que nos foi direcionado consciente ou inconscientemente, posicionando-nos como agentes ativos do processo. Esta atitude de não-vitimização nos traz outra perspectiva diante do nosso sentimento de impotência, das nossas carências, frustrações e crises existenciais. Sendo assim, trabalhemos cada mágoa, ressentimento e descompensações, libertando-nos das amarras que impedem uma vida de qualidade.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

AME E DEIXE-SE AMAR ©

Amor acerta! Amor erra! Amor basta! Amor transborda.! Amor une! Amor compartilha! Amor guarda! Amor desagua! Amor planta! Amor floresce! Amor cria! Amor desfaz! Amor leva! Amor traz! Amor nasce! Amor vive! Amor lembra! Amor esquece! Amor separa! Amor recolhe! Amor incentiva! Amor entende! O amor é muito mais que tudo isso... Amor ato, Amor potência. Amor eterno, Amor universal. Amor subjetivo, Amor objetivo. Amor metafísico, Amor real. Amor transcendente, Amor imanente. Amor verdadeiro, Amor unilateral. Amor infinito, Amor secular. Amor indivíduo, Amor plural. Amor ama... Ama amor... O amor cala, o amor atrai. O amor acalma e o amor distrai. O amor faz e acontece. O amor manda e ele mesmo obedece. O amor cuida e é paciente. O amor é a cura do amor doente. O amor fica, o amor se vai. O amor que entra é o mesmo que sai. O amor se afasta e permanece. O amor que sobe sempre desce. O amor no frio deixa o amor quente. O amor no início é um amor crescente. O amor sacia e ainda quer mais. O amor não cobra ele mesmo é capaz. O amor tem sua própria razão, ele mesmo por si só se explica.
O amor quanto mais se gasta, é assim que ele se multiplica. Quanto mais se divide o amor, se semeia e o faz crescer. Quanto mais o amor se esparrama, é enraizado para fortalecer. Amor vai... Amor vem... E assim o amor continua, brotando amor todos os dias. Ulisses Pavinič

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Raciovitalismo II ©

O que leva as pessoas tratarem animais "irracionais" como humanos, enquanto outras se utilizam de seus semelhantes como se fossem animais? Existe um padrão normal de comportamento? É possivel considerar um dos dois grupos de pessoas "normal"?
As observações dos resultados de tais comportamentos, tem me levado a inclinar para a crença de que, se existir uma forma de normalidade padrão do comportamento, esta ainda não tenha alcançado a humanidade em sua plenitude, pois, ao longo da existência, as pessoas tem vivido em função de paradigmas, que vez ou outra são rompidos por ações protagonizadas num ciclo incessante, criando novos modelos de comportamento.
Onde então reside a verdade nun universo desconhecido e plural? Quem ousaria requerer o crédito da verdade absoluta? Qual o limite entre o bem e o mau, o belo e o feio, o bom e o ruim, o sã e o doente? O equilibrio entre os extremos pode ser encontrado, desde que seja estabelecido onde estão.
Somos na maioria das vezes iludidos pela própria consciência, apesar da forma ser inseparável do conteúdo, o sentido contamina o significado real da natureza, pois, o aspecto das ações humanas e dos fenômenos naturais, são pluridimenssionais.
A humanidade vive na inércia tentando se libertar das amarras criadas por si própria, e está caminhando de maneira cíclica, progressiva e ascendente, a passos largos, para a individualidade absoluta,  esquecendo-se que o ser humano é um ser de relação, e essa "liberdade" é apenas ilusoria.
Guerras e disputas de poder tem sido a máxima em todas as civilizações ao longo dos tempos, mas, atualmente, temos chegado ao ápice dessas disputas sem ao menos refletir sobre o futuro da existencia. Valores são deixados ao lado em função de prazeres pessoais efêmeros e fugazes, que por sua vez são inversamente proporcionais ao
amor ao próximo.
Que punição merece um ser que se ampaixona de verdade? Viver prisioneiro do próprio sentimento, ou expô-lo e ser execrado pela sociedade? Chega-se ao ponto em que a racionalidade desconhece a sua própria razão.  Ulisses Pavinič

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

A cura da razão ©

Existe um padrão de comportamento que possa ser considerado normal? O que tem levado os seres humanos a tratarem seus semelhantes como animais "irracionais"...? Ao longo da existência temos vivido de forma a acreditar em modelos pré-estabelecidos por pessoas que ditam as regras, e os que não se encaixam nesses paradigmas, são sumariamente execrados do convívio social. Se existir um modelo ideal de comportamento, esse ainda não atingiu a humanidade em sua plenitude. Cada indivíduo tem características próprias que precisam ser respeitadas pelos outros, pois, vivemos em uma sociedade plural onde deve haver limites e possibilidades para a convivência. A sociedade tem criado os seus problemas, e ela mesma deve compreender quais são, onde estão, e como resolvê los. Os males atuais são frutos da acelerada escalada dos opressores sobre os oprimidos, o poder e a riqueza formam o motor que move essa intrincada teia de relacionamentos, gerando os conflitos, nessa engrenagem de contendas, quem leva vantagem são os que controlam a capacidade de pensar, e criam limites de tolerância aceitáveis. Qual o limite entre o "bem e o mal"; o"belo e o feio"; o "sã e o doente"? os opostos se atraem e têm a mesma energia, o que varia entre eles é o grau.
Onde encontrar a cura para esses males? Creio que só através do conhecimento poderemos nos libertar das amarras desse estigma, para isso precisamos romper os paradigmas sociais, cultivando uma visão mais ampliada do que possa ser "perfeito". Quando enfim, compreendermos essas questões, a racionalidade alcançará a razão. Ulisses Pavinič

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

RACIOVITALISMO I ©

Embora muitos pessoas acreditem que a razão vital esteja na felicidade (bem, bom e belo), não há dúvida da sua fugacidade e efemeridade, pairando uma sensação de vazio. Se por um lado corrobora a ideia na existência de um sentido, Por outro, as pessoas se recusam a enxergar o óbvio, resignam da cegueira que se encontram. Esse sentimento só reforça a crença de que ainda vivem presas na caverna. A humanidade se encontra muito longe de compreender o sentido da vida, enquanto isso: fingi; encena; teatraliza; enfim! A vida é uma arte, onde todos são intérpretes expectadores. É muito fácil uma criança se transformar numa fera, mas, o grande desafio é o leão converter-se em criança, mais chance terá quem sente e percebe cada instante como único, e deixa-se embalar no fluxo vital que a envolve como uma pequena parte do infinito. Ulisses Pavinič

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Um sonho só.©

A realidade é cruel, doa a quem doer, ela estará sempre presente...  Às vezes me flagro pensando no futuro, no entanto jamais consegui alcançá-lo, mesmo tendo já percorrido milhas e milhas, não me afastei do lugar onde comecei a minha jornada. Sonhei, desejei, agi e dei muitas voltas, me tornei um prisioneiro da ilusão na incerteza desse imenso vazio. Mesmo estando livre das amarras dessa vida, vivo dependente do arbítrio e do acaso. Seguir o caminho sem destino nem fim, esse é o grande e eterno dilema da humanidade. Procurei, busquei, achei, senti, amei, perdi, me envolvi em diversas situações, nesse universo multidimensional, porém, muitos foram os fatores intervenientes. Corri, sofri, chorei, gritei, me desiludi, mas permaneci íntegro no verdadeiro ideal, compreendi que o sentido não é único, caminhos são cruzados em vias duplas. Naquele instante, quando resolvi desistir dos meus sonhos, percebi que sonho que se sonha só é só um sonho, daí então, novos horizontes de possibilidades foram se desvendando à minha volta, novas saídas, um recomeço para acalentar a alma. Mudança é necessário, acredito em mudanças. Vi, vivi e ouvi, falei, sussurrei, cantei, me realizei, rompi barreiras e construi fortalezas, desejei ser eu mesmo sendo o outro, com tudo isso, ainda permaneço aqui preso na imensidão do vazio. Ulisses Pavinič 01/2016